1º de agosto de 2018. Cuca era apresentado como novo treinador do Santos. De lá pra cá, comandou o Peixe em nove jogos, com três vitórias, quatro empates e duas derrotas. E com ele à frente do elenco, o time alcançou uma marca que fazia tempo que não conseguia: ficar quatro jogos seguidos sem tomar gol.
Em junho de 2017, a equipe da Vila Belmiro ficou cinco partidas sem buscar a bola em suas redes: contra Botafogo, Atlético-PR, Palmeiras, Ponte Preta e Vitória. A atual sequência passa ilesa por Independiente, duas vezes, Bahia e Sport.
Além deste fato, o Santos pode chegar a três vitórias seguidas no Brasileiro, fato que ainda não aconteceu na competição atual. Para isso, precisa vencer o Vasco, em duelo válido pela 22ª rodada, sábado, às 19h, no Maracanã. Como visitante, o time venceu apenas uma vez, junto com quatro empates e cinco derrotas. O único triunfo foi diante do Fluminense, no mesmo estádio de seu próximo compromisso, 1 a 0, gol de Bruno Henrique. A equipe tem apenas a 12ª melhor campanha quando atua longe de seus domínios.
Nem tudo são flores desde que Cuca chegou à Vila Belmiro. O time ainda carece de criatividade no meio campo – Bryan Ruiz, principal contratação para o setor, ainda não conta com condição 100% para aguentar os noventa minutos – e também de peças além dos titulares para mudar o panorama de uma partida. Tanto que na maioria dos jogos, o treinador colocou em campo quatro atacantes, com um deles, Rodrygo, tendo como função fazer a transição entre meio-campo e ataque. Não deu certo, tanto que para o jogo contra os cariocas, o setor deve ser preenchido com três volantes/meias: Alison, Diego Pituca e Carlos Sánchez.
Além disso, outros testes são feitos nos treinamentos e partidas. O lateral-direito Victor Ferraz já atuou na linha do meio-campo, aberto pela direita – inclusive na estreia do treinador contra o Cruzeiro pela Copa do Brasil. Os volantes Guilherme Nunes e Yuri como zagueiros, Diego Pituca fez a lateral-esquerdo na vaga de Dodô, que estava suspenso, contra o Independiente. O atacante Arthur Gomes já treinou de meia centralizado. Tudo isso para encontrar soluções em um elenco em que as opções são escassas.
Polêmicas
Logo quando chegou, Cuca deu declarações públicas de que o clube não precisava contratar jogadores estrangeiros, muito pelo fato dos mesmos demorarem para se adaptarem ao futebol brasileiro. Tudo isso quando o atacante argentino Marco Ruben, do Rosario Central, estava prestes a pintar no Brasil.
Mas esse episódio não foi o que mais causou impacto interno. Depois da eliminação para o Independiente, na Libertadores, por conta da escalação irregular do uruguaio Carlos Sánchez na partida de ida, o treinador deu declarações fortes contra a diretoria .
– Pode até amanhã me mandarem embora. O Santos tem de melhorar muito profissionalmente, melhorar muito internamente. E não é pouca coisa. Isso que ocorreu (com Sánchez) é um erro muito grande, muito grave. É o “bê-a-bá” de situações que não podem ocorrer. Isso resulta em tudo o que aconteceu hoje (confusão com a torcida). Eu quero poder ajudar o Santos com a experiência que tenho vivida em outros clubes recentes, até da própria capital (Palmeiras), e mostrar um caminho. Mas o pessoal tem de abrir os braços e querer melhorar juntos. Quero o bem do Santos, e precisamos melhorar muito, disse Cuca.
Sem deixar por menos, o presidente José Carlos Peres rebateu o técnico e depois foi retrucado novamente.
– O Cuca toca a parte técnica, e nós tocamos a parte administrativa e financeira. Ele reconheceu que exagerou. Foi no calor do jogo, foi revoltante mesmo. Há coisas que você fala publicamente e coisas que fala no privado. Ele estava nervoso, tem que dar desconto. Conversamos, ele convenceu o erro, agora é tocar a bola para frente.
– Não pedi desculpa. Teria pedido se precisasse, assim como com a Polícia Militar, que realmente errei (ao tentar proteger um torcedor santista na partida contra o Independiente). Quero cuidar do campo, ele está certíssimo no que diz. Vou cuidar da parte técnica.
De fato, o time vem melhorando sob o comando de Cuca. Resta saber até onde o time pode chegar dentro de campo e até quando o treinador vai ter o aval da diretoria para comandá-lo fora dele.