Idosos voltam a enxergar com nova técnica que envolvem células-tronco da USP

Uma técnica desenvolvida por médicos da USP está criando expectativas para idosos que sofrem de doenças degenerativas na visão. Após alguns anos de estudos e aplicações em pacientes, muitos recuperam boa parte da visão com uma técnica que envolve células-tronco.

Muitos pacientes que são diagnosticados com Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), acabam ouvindo de seus médicos que há a possibilidade de ficarem cegos em um futuro não muito distante, ou ao menos uma grande dificuldade de enxergar, vendo apenas vultos.

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, São Paulo, aplicaram em pacientes do Hospital das Clínicas (HC) da região, células-tronco, que são capazes de originar outras células, quando extraídas do próprio paciente. A técnica então apresentou uma melhora de 80% nos pacientes, trazendo uma ótima e animadora melhoria.

Como acontece esta degeneração?

A degeneração macular pode ocorrer em pacientes com mais de 50 anos de idade, onde este problema pode afetar a retina, que por consequência é capaz de leva-los a cegueira. Hoje existem estimativas de que quase 9% dos idosos no mundo sofram da DMRI, onde no Brasil os números chegam em quase 3 milhões de pacientes.

Muitas técnicas de tratamento envolvem atualmente o uso de vitaminas, pois há uma falha na absorção delas através dos alimentos, que podem causar o problema. Porém em muitos casos, as vitaminas também não são suficientes.

A técnica com células-tronco

Muitos pacientes são encaminhados ao Hospital de Clínicas todos os dias, porém os pesquisadores desta nova técnica selecionaram um grupo de dez pacientes que se disponibilizaram a testar a novidade. Eles recebiam no hospital injeções intraoculares de células-tronco, das quais eram retiradas da própria medula óssea de cada um deles. O material retirado era processado nos laboratórios do hospital pelos pesquisadores e as células eram isoladas.

Após realizar a quantidade de aplicações determinadas para cada um deles, os pacientes foram acompanhados com exames periódicos durante o período de um ano. Nos exames foram apresentados melhores significativas com relação a visão e também estabilização do problema degenerativo.

Segundo uma das pesquisadoras, Carina Costa Cotrim, as células-tronco após serem injetadas no olho do paciente, acabam se incorporando ao tecido da retina e reagem através de um fator trófico. As células liberam esses fatores, que acabam melhorando os problemas da retina, pois as que estão com “defeito” são resgatadas, o que contribui para a melhora e estabilização da visão.

O estudo ainda foi responsável por avaliar a utilização de células-tronco na visão, onde após a continuidade das pesquisas já é possível sonhar com a descoberta da cura para problemas degenerativos e quem sabe até para a cegueira total.

Segundo Carina, a aplicação mostrou que células indesejáveis não cresceram, não houve infecções, tão pouco o descolamento da retina, o que anima ainda mais os estudos e pesquisadores.

Nos pacientes que receberam a técnica, a recuperação total, ou seja 100%, é pouco provável, porém para aqueles que enxergavam 10% e após o tratamento estão enxergando 60%, já é um avanço e tanto, melhorando inclusive a qualidade de vida dos idosos, que podem voltar a realizar suas atividades corriqueiras.

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