O próximo dia 14 marca o início da Copa da Mundo e os brasileiros já estão se preparando para o grande evento. Prova disso é o ato de colecionar figurinhas do álbum do torneio, que se tornou uma das muitas tradições que os torcedores (ou não) aderem. Porém, ação foi colocada em questão pelo músico Felipe Caczan. Na última sexta-feira (1º), o paulista fez um post em seu Facebook e em poucos dias a publicação já acumula mais de 6.500 compartilhamentos e 40 mil reações.
Na mensagem, ele faz um alerta aos responsáveis por crianças que estão colecionando as figurinhas: “Amigos papais/mamães. Eu tô longe de ser um desses pais palestrantes que brotam todos os dias por aqui. Mas quero trocar uma ideia com vocês sobre o álbum da Copa. Parece banal, mas representa como estamos criando os nossos filhos“, disse Felipe.
“Tô vendo muito pai e mãe assumindo a responsa de comprar, organizar, trocar e completar o álbum da garotada. Bicho, vejo isso como uma tristeza imensa. O Davi, meu filho de 7 anos, tá colecionando aqui. O álbum dele está todo cagado (rasgado, dobrado, figurinha colada torta), faltam umas 50 a 100 figurinhas para completar, ele não tem mais dinheiro no cofrinho e ele já se embananou todo nas primeiras trocas (trocou por figurinhas que já tinha, por exemplo), embora eu tenha passado todas as dicas de como executar essas atividades“.
“É no micro que a gente se prepara para o macro“, afirmou ele na publicação. “A vida tá cheia de decepções, de erros que cometemos, de insucessos… Numa pequena atividade como essa, vocês estão tirando de seus próprios filhos a chance de entenderem que, para ter êxito em algo, há uma série de etapas que precisam ser cumpridas, pensadas, planejadas, perseveradas. Ao colecionas as figurinhas, seus filhos podem aprender de maneira lúcida a importância da organização, do zelo, da economia, de como lidarem com um mercado específico, de como interagirem com outros pessoas, etc…“.
“E o pior… ao entregar um álbum completo e impecável que vocês montaram, os senhores estão banalizando a conquista, a vitória, o êxito que deveria ser dos seus filhos. Parem para pensar um pouco sobre isso. Estamos criando uma geração que não consegue enxergar o valor das coisas justamente porque nós as entregamos de mão beijada para eles desde o nascimento. Inclusive, não enxergam o valor do seu esforço como pai e mãe para satisfazê-los. Sei que não é por mal, mas está fazendo mal“, finalizou Felipe.
Segundo a Veja São Paulo, o pai revelou que ficou assustado com a repercussão do desabafo, mas gostou da discussão provocada pela mensagem: “A maioria das pessoas entendeu e concordou com o post. Algumas até agradeceram por ter dado um ‘toque’ nas atitudes que estavam tomando“.
O álbum da Copa do Mundo de 2018 é o primeiro colecionado por Davi, um presente do avô, mas a família já tem experiência com as figurinhas: “Meu outro filho, o Rafael, de 14 anos, colecionou o de 2014. Nesse ano ele não quis saber e apenas deu uma mão para o irmão mais novo. Eu colecionei das Copas de 1990 e 1994 e também tinha alguns do brasileiro, mas usava as figurinhas para colar nos meus times de botão“.
Sobre os alertas, Felipe disse que a ideia era encontrar uma maneira de ajudar o filho a curtir o álbum. “Primeiro a gente quis que ele se envolvesse, né? O que eu vejo muito é uma criançada que nem tá se envolvendo tanto porque os pais estão correndo atrás e fazendo tudo. O que me motivou a fazer o post foi que eu vi que tinha alguns pais postando listas do Excel no Facebook, ou então em grupos do WhatsApp de adultos, e os caras querendo trocar figurinhas para os filhos. Poxa, não é nossa função, né? Seria legal que eles interagissem, fizessem essas trocas e falassem das figurinhas e a gente auxiliar“, finalizou.