Dirceu se entrega e começa a cumprir pena de 30 anos

Em mais um capítulo da operação Lava Jato – que já virou uma novela à brasileira – José Dirceu se entregou hoje (18/05) à Polícia Federal para começar a cumprir sua sentença de 30 anos e nove meses de prisão. Às 13h45 desta sexta-feira, o ex-ministro seguiu de sua residência, em Brasília, para o Instituto Médico Legal (IML). Lá, realizou exames antes de ser ser encaminhado para a Penitenciária da Papuda. O ex-ministro cumpriu o prazo estabelecido pela PF, que ia até às 17h de hoje. Quem ordenou a prisão foi Gabriela Hardt, que substitui Sérgio Moro 13ª Vara Federal de Curitiba.

De acordo com informações da Agência Brasil, ainda nesta sexta sairá a decisão de onde Dirceu deve cumprir a pena. A princípio, a localização seria em Curitiba (PR), no Complexo Médico Penal de Pinhais. Em 2016, Dirceu havia sido condenado a 20 anos e 10 meses de prisão. No entanto, a condenação no processo do mensalão elevou o tempo para 30 anos e nove meses.

A tentativa de último recurso ocorreu na tarde da última quinta-feira (17/05), com a rejeição do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Agora, a execução provisória da medida será aplicada pelos crimes do ex-ministro que incluem lavagem de dinheiro, participação em organização criminosa e corrupção. Com o indeferimento do pedido de recurso realizado na segunda instância da Justiça, ainda há possibilidade que requisitá-lo em outras instâncias.

Ainda de acordo com a Agência Brasil, Dirceu estaria “sereno”, mas “indignado”, e sua maior preocupação seria como explicar a situação para a filha mais nova, de apenas 7 anos. O ex-ministro ficou preso entre agosto de 2015 e maio de 2017, e estava em liberdade desde então. Porém, com o habeas corpus, foi monitorado com o auxílio de uma tornozeleira eletrônica enquanto o processo corria na Justiça.

Longo percurso na política

Antes de chegar ao posto de ministro da Casa Civil no governo Lula, Dirceu teve um longo percurso dentro da política. Cursou Direito na PUC-SP e lá participou ativamente do movimento de luta estudantil contra a ditadura militar.

Chegou à presidência da União Estadual dos Estudantes (UEE) e foi detido no 30º Congresso da UNE, em Ibiúna, um marco na resistência contra o golpe. Foi libertado junto a outros 14 presos políticos como moeda de troca no sequestro do embaixador Charles Elbrick, em 1969. Só conseguiu voltar definitivamente ao país após a Lei da Anistia, de 1979. No ano seguinte, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT).

Foi deputado estadual em São Paulo antes de se tornar deputado federal e depois ingressar na Casa Civil. Chegou a disputar o governo de SP, em 1994, mas ficou apenas em terceiro lugar. Em 2005, sua carreira foi abalada com o escândalo do mensalão, que denunciou o esquema de compra e venda de apoio político, bem como o desvio de recursos públicos perpetuado na política brasileira por diversos governos.

Além de Dirceu, sua família também aparece no processo da Lava Jato: o irmão, a  filha e dois assessores foram indiciados por participação no esquema.

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