Acusado de abusos na ginástica, Fernando de Carvalho se diz vítima de vingança

Fernando de Carvalho de Lopes, acusado do maior escândalo de abusos no meio da ginástica, se diz vítima de vingança pois era um treinador muito rígido. O treinador foi acusado do abuso de 40 crianças atletas e ex-atletas entre os anos de 1999 e 2016 quando era o técnico da Seleção Brasileira de Ginástica.

Em depoimento na 8ª CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Senado, sob a acusação de maus tratos contra as crianças, Fernando negou todas as insinuações e ainda ficou sabendo sobre uma investigação por desvio de verba pública.

No depoimento ele citou que trabalhou em lugares que eram buscados por muitos e que o seu sistema de treinamento era rígido, onde acabou criando diversos inimigos, onde foi necessário cortar salários de atletas, demissão de auxiliares técnicos, corte integral de bolsas e outros fatores que acabaram desagradando a muitos em seus 20 anos de trabalho.

Ele ainda cita que pode ser sido alvo de um complô para ser afastado do cargo, do qual de fato aconteceu às vésperas da competição dos Jogos Olímpicos do Rio. Este afastamento ocorreu por conta de um processo que corre em segredo de Justiça, pelo pai de um atleta menor de 18 anos, contra ele. Ele diz que a vida de treinador é sempre complicada, pois muitos desejam um cargo melhor, onde ele mesmo derrubou diversos técnicos ao longo de sua carreira.

O presidente da CPI, Magno Malta perguntou ao treinador sobre os depoimentos de ao menos 14 vítimas do processo que corre em segredo de Justiça na Delegacia da Mulher, da Criança e do Adolescente de São Bernardo do Campo. Em resposta ele citou que a forma como as denúncias são feitas, o processo não passa de uma vingança, pois em 20 ano de clube ele afirma não ter tido nenhuma reclamação em seu nome. Durante todos os anos de treinamento, centenas de atletas foram treinados e nunca nenhum realizou alguma queixa ao clube.

Após a apresentação das denúncias para Fernando Lopes pelo presidente da CPI, uma por uma elas foram negadas pelo treinador. Ele sempre respondia que as vítimas haviam sido induzidas a denunciá-lo, pois alguns que realizaram acusações inclusive voltavam depois de algum tempo para que fossem treinados por ele.

O programa Fantástico da TV Globo denunciou que Lopes tomava banho com seus ex-atletas e que ainda os gravava e os observava nus nos vestiários. O treinador negou todas as acusações.

O que diz o relator da CPI e seu presidente

Magno Malta presidente da CPI, após todas as negações do treinador de ginástica, pediu que o técnico autorizasse a quebra de sigilo fiscal e telefônico dos últimos cinco anos. Lopes consentiu a quebra de sigilo e a partir de agora as ligações e os emails do treinador serão analisados e em breve ele e outras duas vítimas serão convocadas para um novo depoimento.

Todos os relatos segundo Malta são provas testemunhais contundentes, afinal 40 pessoas não se reúnem de forma errônea para relatar casos dos quais são expostos ao mundo de forma tão evidente. A esperança era que Fernando acabasse contribuindo com a CPI, mas era de se esperar que ele negasse os casos. Após a análise da quebra de sigilo, será possível ter uma noção melhor dos fatos.

Malta ainda citou o atleta Diego Hypólito que declarou ter passado por humilhações durante a sua infância enquanto treinava com Fernando.

O relator da CPI citou que esperava que Lopes pudesse desmontar as provas e acusações contra ele, mas analisando o seu depoimento infelizmente a situação está um pouco complicada para o treinador, pois muitas provas testemunhais estão indo para o mesmo sentido, colocando ainda mais força nas acusações contra o técnico. O depoimento não foi nada esclarecedor e a investigação continua, onde os próximos passos além da análise da quebra de sigilo, novas pessoas serão ouvidas.

Tanto o ex-treinador como o seu advogado acabaram deixando a CPI sem responder a qualquer pergunta dos jornalistas que estavam no local.

Acusação de desvio de verba pública

Além das acusações de abuso, o ex-técnico Fernando Lopes também foi acusado de desvio de verba pública na CPI. Esta informação acabou surpreendendo Lopes, onde ele foi informado que há suspeitas de que quando ele trabalhava de treinador nos clubes, não repassava de forma integral a verba que deveria ser entregue aos atletas.

Resta a comissão esperar o desenrolar do caso para averiguar toda a situação destas e de outras ações no esporte brasileiro.

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