Mais de dois meses se passaram desde o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL/RJ) e do motorista Anderson Pedro Gomes. A investigação segue em aberto na Polícia Civil do Rio de Janeiro, sem identificação dos culpados pela execução.
O caso chamou a atenção do ator americano Danny Glover, embaixador da Organizações das Nações Unidas (ONU) para direitos humanos e as questões étnicas, que prestou solidariedade aos pais da vereadora na última segunda-feira (28/05). A Comissão Popular da Verdade do Rio de Janeiro foi responsável pelo encontro de Glover com Marinete Silva e Antonio Franco.
Segundo informações da Agência Brasil, o pai de Marielle se emocionou ao falar da filha com Glover, que destacou a dor de todos aqueles que acompanhavam o trabalho da vereadora ao redor do mundo. Conhecido por atuar em filmes como Predador 2 e Máquina Mortífera, o americano de 71 anos se destaca por seus posicionamentos políticos e ativismo em diversas causas.
Durante a passagem pelo Rio, Glover também visitou a favela da Rocinha, onde um confronto no local ocasionou a morte de uma moradora horas antes da visita. Ao jornal Brasil de Fato, destacou que tal ato de violência enfatiza a necessidade de sua presença na favela. Na posição de embaixador da ONU, Glover veio coletar depoimentos sobre violações dos Direitos Humanos no período de Intervenção Militar.
A Comissão Popular da Verdade, que organizou sua visita, tem como objetivo acompanhar e denunciar essas violações no estado. Além de se posicionar contra a intervenção, também pretende evidenciar os gastos infundados que a presença dos militares ocasiona – gastos que poderiam ser redirecionados a áreas como saúde e educação.
A comissão também decidiu se empenhar no acompanhamento das ações do Exército devido a uma fala polêmica do general Eduardo Villas Bôas, que queria garantir uma atuação sem riscos do olhar de uma nova Comissão da Verdade (responsável por trazer à tona os crimes cometidos durante a Ditadura Militar).
Andamento das investigações
A demora nas investigações e o comprometimento da própria polícia têm preocupados órgãos que atuam na defesa dos Direitos Humanos, como a Anistia Internacional.
Em nota publicada no início de maio, a organização questiona a parcialidade da averiguação, já que a submetralhadora usada na execução da vereadora e do motorista (modelo HK MP-S) seria de domínio da Polícia. A corporação teria 71 unidades, das quais 60 seriam da Polícia Civil – 5 foram extraviadas em 2011 – e as outras 11 estariam com o Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Além disso, a principal linha de investigação aponta para o envolvimento do vereador Marcello Siciliano (PHS) e do ex-policial militar Orlando Oliveira de Araújo na execução. As informações foram veiculadas pelo jornal O Globo a partir do depoimento de uma testemunha que estava sendo ameaçada por Orlando. Os dois acusados negam a participação no crime.
Marielle e Anderson foram assassinados no dia 14/03, após a saída da vereadora de um evento na região central do Rio. O carro em que estavam foi seguido e levou uma rajada de tiros na rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, o que aponta para uma execução.