Apelo da ONU contra revisionismo histórico do Golpe Militar é negado

O governo do presidente de extrema direita do Brasil, Jair Bolsonaro, rejeitou um apelo de um especialista das Nações Unidas para não efetuar o revisionismo histórico do Golpe Militar de 1964. O apelo foi negado pelo Brasil.

O apelo da ONU e a onda conservadora brasileira no revisionismo histórico sobre Golpe Militar de 1964

Em uma carta à Comissão de Direitos Humanos da ONU em Genebra, divulgada na quinta-feira, o governo disse que “repudia as alegações infundadas” do especialista da ONU que criticou a decisão do Bolsonaro de comemorar a insurreição militar de 1964 como uma tentativa de promover um revisionismo histórico do Golpe Militar.

“O presidente Bolsonaro reiterou seu entendimento de que o movimento de 1964 era necessário para evitar a crescente ameaça de uma tomada comunista do Brasil e garantir a preservação das instituições nacionais no contexto da Guerra Fria“, dizia a carta.

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De acordo com Bolsonaro, a derrubada de um governo esquerdista eleito não foi um golpe de Estado, mas um movimento legítimo apoiado pelo Congresso e Judiciário do país, assim como a maioria dos brasileiros, disse a carta.

No domingo, as forças armadas brasileiras homenagearam o golpe de 1964 que levou a uma ditadura militar de duas décadas a mando de Bolsonaro, que reverteu a proibição de oito anos de comemorações.

Os argumentos

O movimento pelo revisionismo histórico do Golpe Militar provocou debate e ressaltou o apoio de Bolsonaro a um governo militar que executou centenas de pessoas, torturou milhares de pessoas, paralisou o Congresso e deixou a maioria dos brasileiros com memórias sombrias do período.

Dois dias antes, em Genebra, Fabian Salvioli, o especialista da ONU que escreveu a carta e um advogado e professor de direitos humanos, pediram ao governo de Bolsonaro que reconsiderasse a comemoração.

“As tentativas de revisar a história e justificar ou tolerar graves violações dos direitos humanos do passado devem ser claramente rejeitadas por todas as autoridades e pela sociedade como um todo”, disse Salvioli.

Bolsonaro, um ex-capitão do Exército, há muito tempo elogia o governo militar de 1964-85 e frequentemente diz que seu maior erro não foi matar esquerdistas suficientes.

Deixando de lado o apelo da ONU, seu governo está avançando para tentar realizar um revisionismo histórico do Golpe Militar.

O ministro da Educação, Ricardo Velez, disse em uma entrevista publicada na quarta-feira que os livros de história da escola serão editados para dar uma visão “mais ampla” do que aconteceu em 1964.

Ele disse ao jornal Valor Econômico que não houve golpe e que o regime militar que se seguiu não foi uma ditadura.

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