1º de maio: Europa registra protestos violentos em vários países

Pelo visto, maio de 68 nunca acabou: o período marcado por reivindicações políticas e sociais parece se reeditar hoje, em 1º de maio de 2018. Na França, grupos anarquistas tomaram as ruas e entraram em confronto com a polícia, que usou bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água contra os manifestantes.

De acordo com o jornal francês Le Monde, carros foram incendiados e lojas depredadas por um grupo de manifestantes, de um total de 20 mil estimados pela polícia. Devido à confusão, o prefeito de Paris fez com que o cortejo sindical mudasse o trajeto previsto para hoje. Os protestos também tiveram como alvo as reformas propostas pelo presidente Emmanuel Macron, que atingem as áreas trabalhista e previdenciária. Em 2017, os ânimos se exaltaram de forma similar e um grupo que protestava contra o avanço do fascismo acabou em confronto com a polícia.

Outros países também tiveram um 1º de maio turbulento, de acordo com informações das agências Reuters e Associated Press. O governo de centro-direita foi criticado por manifestantes na Áustria, sendo que em Viena o alvo foram os cortes indicados pelo novo chanceler, Sebastian Kurz. Da mesma forma, a Dinamarca expôs a indignação com seu governo de orientação centro-direita.

A violência se mostrou ainda mais forte em Istambul, na Turquia, pois o governo turco havia proibido protestos no local, com bloqueio da praça central feito pela polícia. Após os manifestantes tentarem chegar ao local, houve confronto e 45 deles foram presos. Na Espanha, a questão da previdência foi levantada, assim como a da igualdade de gênero.

Isso se deve à recente condenação de cinco homens por abuso sexual, uma pena mais branda do que o delito de estupro, que prevê reclusão de 6 a 12 anos. Eles estupraram uma jovem de 18 anos durante a festa de San Fermín e publicaram um vídeo com as cenas. Desde a condenação do grupo denominado “manada” em um aplicativo de troca de mensagens, os protestos para uma pena mais dura e revisão da legislação espanhola seguem pelo país.

Relembre maio de 68

O período conhecido como “maio de 68” acaba de completar 50 anos e se refere a uma onda de protestos que teve início na França e se alastrou pelo mundo inteiro, o que representou uma grande revolução à época. Tudo teve início com uma manifestação na Universidade de Nanterre, contra a prisão de dois jovens estudantes que protestavam contra a Guerra do Vietnã.

A partir daí, o movimento tomou corpo e virou eco de diversas insatisfações contra o sistema, aglomerando uma multidão que reivindicava por mudança. Entre as questões de destaque estavam a oposição às guerras, mais direitos para as mulheres e maior liberdade de expressão. Assim como ocorre atualmente, os protestos foram severamente reprimidos. Estudantes e intelectuais da Sorbonne aderiram ao movimento e, após a ocupação pela polícia da maior universidade francesa, a multidão tomou as ruas de Paris no dia 7 de maio. No dia 21 de maio, com o apoio dos sindicatos à causa, houve a maior greve da história da França, com 7 milhões de operários.

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